O capacete do caça furtivo F-35 Lightning II, conhecido como HMDS Gen III, não é meramente um item de proteção; é uma das peças de tecnologia mais espantosas e caras da aviação militar moderna, com um custo a rondar os 400 mil dólares. Este valor, à primeira vista astronómico, é plenamente justificado pela profunda integração de sistemas avançados que, de facto, transformam o piloto numa extensão quase simbiótica da própria aeronave.
No coração da sua funcionalidade está a projeção direta de todas as informações de voo essenciais na viseira do capacete. Esta inovação radical elimina a necessidade do tradicional Head-Up Display (HUD) no cockpit, permitindo que o piloto mantenha os olhos focados no horizonte ou em qualquer outra direção, com dados críticos como velocidade, altitude, vetor de voo e estado dos sistemas sempre presentes no seu campo de visão. É esta capacidade de omnipresença informacional que eleva substancialmente a consciência situacional do piloto, crucial em ambientes de combate dinâmicos.

Mas a verdadeira magia do HMDS Gen III reside na sua capacidade de realidade aumentada e na visão noturna integrada. Através de um engenhoso sistema de câmaras infravermelhas distribuídas pela fuselagem do F-35, o piloto consegue, literalmente, “ver através do avião”. As imagens captadas por estas câmaras são processadas e projetadas na viseira, oferecendo uma visão de 360 graus que anula quaisquer pontos cegos. Basta um movimento da cabeça para que o piloto observe o que se passa por baixo da aeronave, atrás do cockpit ou nas laterais, como se a estrutura do avião fosse transparente. Esta capacidade é vital para a navegação, reconhecimento e, sobretudo, para a deteção e engajamento de ameaças. A visão noturna, por sua vez, é inerente ao sistema, dispensando óculos adicionais e fornecendo uma clareza inigualável em condições de pouca luz.
Outro recurso que beira o extraordinário é a capacidade de mirar com o movimento da cabeça. O sistema de rastreamento do capacete é tão preciso que o piloto só precisa de olhar para um alvo para que os sistemas da aeronave o travem, seja para um míssil ar-ar ou para o canhão. Esta interação intuitiva e direta entre o olhar do piloto e os sistemas de armamento diminui o tempo de reação e aumenta a eficácia em combate.

A precisão de todo este sistema depende criticamente de um ajuste perfeito, razão pela qual cada capacete é meticulosamente feito sob medida, através de um escaneamento 3D da cabeça do piloto. Esta customização garante que as óticas e as projeções visuais estejam milimetricamente alinhadas com os olhos, otimizando a nitidez da imagem e o conforto durante missões prolongadas ou manobras de alta força G. Apesar de um peso de aproximadamente 2,3 kg, o capacete é construído com materiais leves e resistentes, como a fibra de carbono, e é submetido a rigorosas manutenções periódicas para assegurar o seu funcionamento impecável.
Em suma, o HMDS Gen III transcende a definição de um simples capacete; é uma central de comando pessoal, uma extensão sofisticada do próprio caça. Ao fundir a percepção do piloto com os vastos dados sensoriais e as capacidades de armamento do F-35, este equipamento de ponta coloca o piloto em total sintonia com aquela que é, indubitavelmente, uma das aeronaves de combate mais avançadas do mundo.