Em 2024, as queixas ecoaram entre muitos produtores: nunca foi tão árduo alcançar os ouvidos do público. As vendas físicas e digitais tornaram-se um nicho de mercado, e as plataformas de streaming apresentam-se como fortalezas difíceis de assaltar. Mesmo que uma faixa consiga ascender nas playlists, é provável que atinja ouvintes passivos, que dificilmente explorarão o restante do catálogo, quanto mais se converterão em fãs leais.
Atualmente, uma parcela significativa dos amantes da música interage primordialmente através das redes sociais. Em vez de dedicarem tempo a uma canção completa no Spotify ou de a adquirirem numa página do Bandcamp, é mais provável que se deparem com um excerto a sonorizar uma tendência viral no TikTok. Ou talvez sigam o artista no Instagram, onde vídeos de atuações ao vivo e monólogos diretos para a câmara capturam mais a sua atenção do que a audição integral de uma música.
Para os apreciadores dos formatos musicais convencionais, este cenário poderá parecer desolador. No entanto, músicos inovadores estão a adaptar-se a esta nova realidade, desenvolvendo formatos centrados na música que florescem nativamente nas redes sociais.
Figuras do Instagram como dnksaus e jabeau partilham dicas de produção e fragmentos de trabalhos em curso através de formatos altamente criativos, que fundem um design de som inventivo e ferramentas de ponta com uma edição de vídeo lúdica. E influenciadores como marg.mp3 comunicam a sua paixão e conhecimento musical em vídeos curtos, desenterrando lançamentos obscuros para uma vasta audiência de fãs curiosos.
Estas histórias de sucesso demonstram que o público continua sedento por sonoridades estimulantes – desde que apresentadas da forma adequada. Num futuro próximo, espera-se que estes formatos inovadores ganhem maior reconhecimento como formas de arte autónomas. Os músicos poderão começar a focar-se menos em lançamentos convencionais e mais em fragmentos de áudio criativos que celebram o poder do som de maneiras inéditas. A música encontra assim novos palcos e linguagens, moldada pelas dinâmicas e pela brevidade cativante dos feeds sociais. O futuro da difusão musical reside, cada vez mais, na arte da pílula sonora impactante e visualmente engajadora.
