Uma notícia de peso acaba de abalar o panorama da investigação biomédica e farmacêutica nacional: a startup portuguesa de oncologia de precisão Tessellate Bio assinou um acordo que poderá atingir mais de 500 milhões de euros com a gigante farmacêutica alemã Boehringer Ingelheim. Este feito representa um reconhecimento estrondoso da qualidade da ciência produzida em Portugal.
A Tessellate Bio não é apenas uma startup qualquer. A sua génese e o seu desenvolvimento estão intrinsecamente ligados às descobertas científicas de ponta realizadas na Fundação GIMM – Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular (GIMM). O GIMM, resultado da recente fusão entre o Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) e o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), afirma-se, assim, como um centro de excelência capaz de gerar inovação com impacto global.
O foco deste ambicioso acordo reside no desenvolvimento de terapias orais inovadoras destinadas a combater certos tipos de cancro que dependem de um mecanismo de manutenção dos telómeros menos comum, mas crucial para a sua sobrevivência, conhecido como “Alternating Lengthening of Telomeres” (ALT). Mirar este mecanismo oferece uma nova e promissora via para tratar tumores que, atualmente, são particularmente desafiadores.

Para a Boehringer Ingelheim, uma das maiores farmacêuticas do mundo, este é um passo estratégico para reforçar o seu portefólio na área da oncologia. O valor potencial do acordo, que excede os 500 milhões de euros, reflete um pacote que inclui um pagamento inicial de licenciamento, financiamento contínuo para a investigação e pagamentos adicionais ligados ao atingir de metas específicas (milestones) ao longo das fases de desenvolvimento e eventual comercialização da terapia.
Este acordo é um marco histórico por várias razões. Não só valida a excelência e o rigor da ciência portuguesa, demonstrando a sua capacidade de transpor descobertas fundamentais em soluções terapêuticas de relevância global, como também posiciona Portugal como um polo atrativo para o investimento estrangeiro na área da biotecnologia. Mais importante ainda, esta colaboração abre uma nova esperança para pacientes com tipos de cancro difíceis de tratar, prometendo avanços significativos na luta contra a doença.
A notícia, divulgada em meados de maio de 2025, ressalta a vitalidade e o potencial do ecossistema de investigação e inovação em saúde em Portugal.