As profundezas oceânicas e os ecossistemas costeiros, muitas vezes negligenciados na luta contra as alterações climáticas, encontraram um defensor incansável na figura de Carlos M. Duarte. Este cientista de raízes portuguesas, laureado com o prestigiado Japan Prize de 2025, um reconhecimento de nível equiparável ao Nobel em áreas não contempladas pelos prémios tradicionais, tem dedicado a sua carreira a desvendar os segredos e a sublinhar a importância vital dos oceanos para a saúde do planeta.
Nascido em Barcelos, Portugal, em 1942, Carlos M. Duarte construiu uma trajetória científica ímpar, tornando-se uma das vozes mais influentes na ecologia marinha e na oceanografia biológica a nível global. A sua abordagem holística e integradora permitiu-lhe oferecer perspetivas inovadoras sobre o funcionamento dos oceanos, a intrincada teia da biodiversidade marinha e as complexas interações entre os ecossistemas aquáticos e a atividade humana.
Um dos pilares do seu trabalho pioneiro reside na investigação do conceito de “carbono azul”. Duarte foi um dos primeiros a destacar o papel fundamental de ecossistemas costeiros como as pradarias marinhas, os mangais e os sapais no sequestro eficiente de carbono da atmosfera. A sua pesquisa demonstrou, de forma inequívoca, que estes habitats marinhos possuem uma capacidade de absorção de dióxido de carbono significativamente superior às florestas terrestres por unidade de área, emergindo como aliados cruciais na mitigação das alterações climáticas.

A sua liderança na histórica Expedição Malaspina 2010, uma circum-navegação científica que explorou a biodiversidade nas profundezas oceânicas e avaliou o estado de saúde dos oceanos, sublinhou a sua visão abrangente e o seu compromisso com a investigação de ponta. Esta expedição sem precedentes forneceu dados valiosos sobre os impactos da poluição e das alterações climáticas nos ecossistemas marinhos, alertando para a urgência de ações de conservação.
O reconhecimento da sua vasta e impactante obra culminou com a atribuição do Japan Prize de 2025. Este prestigioso galardão celebra as suas contribuições seminais para a ecologia marinha e a sua investigação pioneira sobre o papel do carbono azul como uma solução natural para o clima. Embora não seja o formal “Nobel da Ecologia” (uma categoria inexistente), o Japan Prize eleva Carlos M. Duarte ao patamar dos maiores cientistas do mundo, consagrando a relevância do seu trabalho para enfrentar os desafios ambientais que a humanidade enfrenta.

Atualmente a desempenhar funções de Professor Distinto na King Abdullah University of Science and Technology (KAUST) e de Diretor Executivo da Plataforma de Aceleração da Investigação e Desenvolvimento de Corais, Carlos M. Duarte continua na vanguarda da investigação marinha, impulsionando a busca por soluções inovadoras para proteger e restaurar a saúde dos nossos oceanos. O seu legado, enraizado em Portugal mas com alcance global, inspira uma nova geração de cientistas e defensores do ambiente marinho, lembrando-nos da importância vital de preservar estes ecossistemas essenciais para o futuro do nosso planeta.
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