A Ascensão do Tório: Uma Nova Era para a Energia Nuclear

Existe um crescente entusiasmo em torno do tório como um potencial combustível nuclear para o futuro, e os projetos que o exploram estão a ganhar terreno um pouco por todo o mundo. Longe de ser apenas um conceito teórico, a investigação e o desenvolvimento de reatores a tório têm conhecido um significativo ressurgimento nas últimas décadas, impulsionado pelas suas vantagens promissoras face ao urânio. Falamos de uma maior abundância deste elemento na Terra, uma produção consideravelmente menor de resíduos radioativos de longa duração e uma segurança intrínseca superior.

O país que lidera esta corrida tecnológica é, sem dúvida, a China. Com investimentos maciços, o gigante asiático tem focado os seus esforços nos Reatores de Sal Fundido (MSRs) que utilizam tório. Um marco notável foi alcançado em junho de 2024, quando o Reator Experimental de Sal Fundido de Tório (TMSR-LF1), no Deserto de Gobi, entrou em operação. Mais recentemente, em maio de 2025, este reator de 2 megawatts térmicos conseguiu um feito inédito para a indústria nuclear: o reabastecimento do combustível enquanto o reator se mantinha em funcionamento contínuo. Este avanço representa um passo gigantesco em direção ao objetivo chinês de desenvolver reatores a tório em escala comercial para descarbonizar a sua matriz energética.

A Índia, possuidora de algumas das maiores reservas mundiais de tório, também tem um programa nuclear de tório de longa data. O seu objetivo é desenvolver uma tecnologia de reatores de tório de ciclo fechado, que poderá eventualmente suprir grande parte das suas futuras necessidades energéticas. O país está a desenvolver um reator de água pesada avançado (AHWR) que pode ser alimentado com este elemento.

Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos desempenharam um papel pioneiro na pesquisa de reatores de sal fundido nas décadas de 1960 e 1970, no Laboratório Nacional de Oak Ridge (ORNL). Embora essa investigação tenha sido pausada, há um renovado interesse, com várias empresas privadas e institutos a explorar novamente o conceito de MSRs de tório. A Noruega, através da empresa Thor Energy em colaboração com a Westinghouse, também tem realizado testes com tório em reatores existentes para avaliar o seu desempenho.

Para além destes, outros países como o Japão e o Canadá, bem como várias iniciativas e startups na Europa (incluindo na Finlândia), estão a explorar ativamente o potencial dos reatores a tório como parte das suas estratégias de energia limpa.

O principal desafio, claro, reside na transição da fase de pesquisa e protótipos para a comercialização em larga escala. Isso implica superar obstáculos técnicos, como o processamento do combustível e a resistência dos materiais à corrosão em ambientes de sal fundido, bem como os desafios económicos inerentes à construção de novas infraestruturas nucleares. No entanto, o recente sucesso do reator chinês no Deserto de Gobi é uma prova irrefutável de que a tecnologia está a amadurecer rapidamente, posicionando o tório como uma promissora e vital fonte de energia nuclear mais limpa e segura para o futuro.

http://thorenergy.no/

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