Música Suja: Quando a Imperfeição Ganha Volume

2024 ecoou com o ressurgimento inesperado do indie sleaze. Esta corrente cultural dos primórdios do século XXI, que glorificava a vida noturna intensa e um glamour decadente, reemergiu primeiramente no universo da moda. Mais tarde, irrompeu na indústria musical, impulsionada pelo álbum brat de Charli XCX, que dominou a banda sonora do verão.

O sucesso de brat reveste-se de uma surpresa ainda maior quando se considera a sua produção crua, as batidas de clube lascivas e os vocais espontâneos, que desafiam muitas das normas da moderna indústria musical. Na era dos smartphones e das redes sociais, espera-se que os músicos exibam uma perfeição constante. Cada visual deve ser impecável e cada decisão musical meticulosamente debatida por equipas de especialistas.

O triunfo de Charli – e momentos pop correlacionados, como o renascimento do eurodance trashy dos anos 2000 por Kesha em “Joyride” – sugere que o público anseia por algo diferente. Grande parte da cultura pop recente tem transmitido uma sensação excessiva de artificialidade e planeamento. Talvez os fãs estejam ávidos por algo mais solto, espontâneo e genuinamente divertido.

Antecipa-se que a estética “suja” se torne uma tendência musical significativa nos próximos tempos, quer se manifeste numa atitude punk aguerrida, numa energia de clube visceral ou em letras confessionais sem filtros. Após anos de um comportamento exemplar, a música pop poderá estar prestes a iniciar uma fase de rebelião sonora, onde a autenticidade imperfeita soa mais alto que o polimento excessivo. Preparem-se para um som mais rasgado, para melodias que não pedem desculpa e para letras que escancaram a realidade sem retoques. A sujidade estética chegou para reclamar o seu espaço na ribalta.

https://www.instagram.com/charli_xcx/

Crédito da Imagem: Harley Weir

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