Street art e graffiti sobrepõem-se de várias maneiras, mas as principais diferenças entre os dois residem na técnica e na intenção.
Em termos de técnica, a street art tende a ser baseada em imagens, enquanto o graffiti é mais comumente baseado em palavras. A marcação (tagging), por exemplo, é a forma mais básica do graffiti tradicional, onde os artistas usam repetidamente um único símbolo, palavra ou série de letras como a sua assinatura personalizada ou “tag”. Esses “autógrafos urbanos” foram inicialmente usados por gangues para marcar o seu território, mas desde então evoluíram e serviram como trampolim para formas mais novas e intrincadas de graffiti.
As imagens mais elaboradas da street art – especificamente murais – são frequentemente o que as tornam mais apreciáveis aos olhos de empresas e organizações comunitárias, enquanto o graffiti pode muitas vezes ser percebido como difícil de ler ou entender por pessoas que não estão familiarizadas com ele. Além disso, os grafiteiros são frequentemente autodidatas, enquanto a street art é geralmente criada por artistas treinados (embora isso não seja sempre o caso).
No que diz respeito à intenção, os grafiteiros, em geral, não se preocupam com a reação do público ao seu trabalho. O graffiti não é sobre agradar ou ligar-se às massas – além da sua função como uma linguagem interna, é em grande parte um meio de autoexpressão.
Em contraste, a street art é criada com um público específico em mente, especialmente quando é encomendada por empresas, organizações locais ou autoridades municipais. Street artists e muralistas frequentemente visam suscitar o interesse e a interação do público através do seu trabalho, ou, pelo menos, um certo grau de entendimento ou apreciação pelo que estão a tentar transmitir.

Então, qual é a diferença entre graffiti e street art? Pode ser difícil apontar uma resposta exata e clara.
Por mais tentador que seja tentar separar street art e graffiti em duas categorias distintas, a verdade é que essas duas formas de arte estão interligadas desde o início e muitas vezes é dificil separar uma situação da outra. Os próprios artistas podem ter definições pessoais variadas para os dois termos, com base em como preferem que o seu trabalho seja categorizado, ou até mesmo criar instalações de arte pública que possuem características tanto de graffiti como de street art.
Grande parte do trabalho do ícone da street art baseado no Reino Unido, Banksy, é o exemplo perfeito disso. Conhecido pela sua arte de rua política e anti-guerra, o artista cria todo o seu trabalho ilegalmente enquanto trabalha sob o pseudónimo de “Banksy” para evitar a prisão. Isso por si só classificaria as suas criações como graffiti, mas considere o fato de que grande parte de seu trabalho também é baseada em imagens, com a intenção específica de envolver e falar com o público em geral, e as linhas rapidamente se tornam confusas.
A arte é, e sempre será, subjetiva em certo grau. A arte não está confinada a definições estritas de linguagem, mas essa é, provavelmente, a sua beleza. Como o artista americano Raymond Salvatore Harmon resumiu bem: “A forma da arte e seu papel na sociedade estão constantemente a mudar. Em nenhum momento a arte é estática. Não há regras.”

Crédito das Imagens:
Imagem de Capa: Ilse Orsel/Unsplash
Imagem 1: Street Art George Town, Penang, Malásia – Crédito: “everywhere_is_on our_list”
Imagem 2: Street Art Colas Street, Buenos Aires – Crédito: 2ni_colas